Sílvia Michele Lopes Macedo

Sempre fui encantada com o campo da história, da história das religiões, da cultura. Ainda na minha adolescência fui presenteada por meu pai com muitos livros de literatura sobre contrastes culturais. Foi o meu pai, o professor Roberto Sidnei Macedo, também que me apresentou a antropologia como o campo de estudos sobre as culturas.

Baiana da cidade de Itabuna, mas moradora da cidade de Salvador desde a infância, fiz o vestibular na Universidade Federal da Bahia (UFBA) para Ciências Sociais buscando o meu caminho até a antropologia.

Nos primeiros semestres da graduação em Ciências Sociais fui direcionando o curso para o Bacharelado em Antropologia. No decorrer da graduação em Antropologia fui Bolsista de Iniciação Científica durante quatro anos do Programa Povos Indígenas do Nordeste Brasileiro, o PINEB. Com o olhar cativado pelo Sertão, no PINEB iniciei as minhas experiências de campo nas pesquisas etnográficas com o povo indígena Kiriri. Com estes grandes mestres contrastei a minha cultura, repensei as temporalidades, as identidades, os afetos, as espiritualidades, o sentido das cosmologias e a educação de uma perspectiva ampliada. Foi no trabalho de campo com os Kiriri que comecei a compreender efetivamente as singularidades potentes dos processos de aprendizagem e formação. Com este povo do Sertão da Bahia comecei a compreender a educação por outros olhares. Nas pesquisas etnográficas com o povo Kiriri comecei a observar os diálogos possíveis entre a antropologia e a educação. Os aprendizados rituais, os aprendizados com os sonhos, os aprendizados com os encantos, os aprendizados nas festas, os aprendizados com a terra, os aprendizados com os animais, os aprendizados com as xamãs Kiriri marcaram de forma fulcral e direcionaram a minha caminhada como antropóloga, como professora e como pessoa. E entendendo as minhas aprendizagens como caminhada e os meus processos formacionais como travessia encontrei pontes possíveis entre a antropologia e a educação.

No Mestrado e Doutorado em Educação no Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Federal da Bahia (PPGE/UFBA) pesquisei sobre a aprendizagem como experiência cultural entre os índios Kiriri do Sertão Baiano. Compreender outras perspectivas de entender a educação foram orientando as minhas implicações como pesquisadora e professora comprometida com o respeito à diversidade cultural e à dignidade educacional e humana.

Hoje professora da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB), líder do Grupo de Pesquisa em Formação, Currículo e Cultura (FORCCULT), com a Profa. Dra. Rita Dias, tomada pela riqueza cultural e étnica do Recôncavo, pesquiso atualmente sobre as itinerâncias de docentes líderes de comunidades tradicionais deste singular território educacional. Tal pesquisa foi iniciada em 2019 em um Pós-Doutorado no campo da Antropologia e/da Educação concluído em 2020. Este foi realizado no Centro Interdisciplinar de Ciências Sociais da Universidade Nova de Lisboa- CICS.NOVA, no pólo do Instituto Politécnico de Leiria- Portugal, com a orientação do Prof. Dr. Ricardo Vieira, referência do campo na Europa.

Sou também pesquisadora colaboradora do Grupo de Pesquisa em Formação e Currículo (FORMACCE/ UFBA) e do Grupo de Pesquisa Grupo de Pesquisa em Formação e Investigação em Práticas de Ensino (FIPE/ UFRB).

Com tais experiências de diálogos entre a Antropologia e a Educação, em 2021, em conjunto com o colega Leonardo Rangel, organizei a obra “Antropologia e/da Educação: aprendizagem como caminhada e formação como travessia”. Livro este composto por capítulos escritos por minhas grandes referências no campo: a professora Sandra Tosta, o professor Ricardo Vieira, o professor Gilmar Rocha. Tal obra ainda conta com o belíssimo prefácio do professor Carlos Rodrigues Brandão, nosso grande mestre.

Sendo Membro Efetivo da Associação Brasileira de Antropologia(ABA) e da International Union of Anthropological and Ethnological Sciences(IUAES), agora sou integrante deste coletivo, a Rede Argonautas, desde 2022.

Saiba mais sobre A sílvia michele:

Lattes: http://lattes.cnpq.br/4071949413249360

Orcid: https://orcid.org/0000-0002-0742-2498


Publicações

Terapeutas populares no Recôncavo da Bahia, Brasil: configurações agentivas em ontologias híbridas.

A etnografia crítica como aprendizagem e criação de saberes e a etnopesquisa implicada: entretecimentos. CURRÍCULO SEM FRONTEIRAS, v. 18, p. 324, 2018.

Educação, Etnossaberes e Etnoaprendizagens. In: Ricardo Vieira; Ana Vieira; José Marques. (Org.). Etnocurrículo e Etnoaprendizagens: Diálogos, investigação e (trans)formação. 1ed.Leiria Pt: Edições Afrontamento, 2020.

Uma etnobiografia docente emancipacionista: mediação intercultural e relações étnico-raciais em um contexto formacional. In: Ricardo Vieira; Ana Vieira; José Marques; Pedro Silva; Cristovão Margarido. (Org.). Migrações, Minorias étnicas, Políticas Sociais e (trans)formações: mediação intercultural e intervenção social. 1ed.Porto: Edições Afrontamento, 2020.

Comparação e contraste: itinerâncias epistemológicas e metodológicas da pesquisa antropológica. In: Roberto Sidnei Macedo. Pesquisa contrastiva e estudos multicasos: da crítica à razão comparativa ao método contrastivo em ciências sociais e educação. 1ed.Salvador: EDUFBA, 2018.

Etnografia e aprendizagem como acontecimento heurístico-implicacional: entretecimentos. In: Roberto Sidnei Macedo. (Org.). A pesquisa e o acontecimento: compreender situações, experiências e saberes acontecimentais. 1ed.Salvador: EDUFBA, 2016.

A emergência da etnoaprendizagem no campo antropoeducacional: uma investigação etnológica sobre a aprendizagem como experiência sociocultural. In: Rita de Cássia Dias Pereira Alves; Cláudio Orlando Costa do Nascimento. (Org.). Formação Cultural: sentidos epistemológicos e políticos. 1ed.Cruz das Almas; Belo Horizonte: Editora UFRB; Fino Traço Editora, 2016.

Escritos formacceanos em perspectiva. Saberes implicados, saberes que formam: a diferença em perspectiva. 1ed.Salvador: EDUFBA, 2014.

Pesquisas e estudos etnográficos e etnológicos como práticas compreensivas de aprendizagem e formação. In: Vera Fartes; Telmo H. Caria; Amélia Lopes. (Org.). Saber e formação no trabalho profissional relacional. 1ed.Salvador: Editora da Universidade Federal da Bahia, 2013.

Povos indígenas em afirmação, caminhos etnográficos aprendentes e a compreensão cultural do fenômeno aprender. In: Roberto Sidnei Macedo. (Org.). A etnopesquisa implicada: pertencimento, criação de saberes e afirmação. 1ed.Brasília: Liber Livros, 2012.

(RE)’Encantando’ a educação: aprendizagem e experiência cultural entre os índios Kiriri do Sertão Baiano. In: Maria Roseli Gomes Brito de Sá; Vera Lúcia Bueno Fartes. (Org.). Currículo, formação e saberes profissionais: a (re)valorização epistemológica da experiência. 1ed.Salvador: EDUFBA, 2010.

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