Sobre a rede

A Rede Argonautas de pesquisadores em Antropologia e Educação resulta dos esforços de antropólogos e investigadores de outras áreas, do Brasil e de outros países, que buscam construir a Antropologia e a Educação como campos de conhecimento em diálogo no mundo em termos propositivos, compreensivos e críticos. Objetivam estabelecer trocas acadêmicas interdisciplinares e comparadas, a fim de agregar resultados de pesquisas, divulgar publicações, promover eventos científicos e artísticos sobre a temática em suas variadas narrativas e expressão. 

Fato é que as relações entre Antropologia e Educação têm uma longa e nobre história a começar pela obra de Émile Durkheim e de outros autores consagrados como Marcel Mauss e Margareth Mead. Desse percurso intelectual emerge a educação ou as aprendizagens como construções e práticas culturais da vida social e natural. O que ressalta imediatamente, o caráter historicamente construído dessas culturas. E implica reconhecer que a educação como um fenômeno da cultura conduz ao estudo das inter-relações da vida social e de seus significados.

Desde 1990, atividades acadêmicas relevantes vêm sendo implementadas buscando contribuir para que a discussão dessa interface se intensifique, espalhando-se e fazendo parte das agendas acadêmicas e de políticas públicas. Bastando lembrar os eventos nacionais e internacionais como a RBA- Reunião Brasileira de Antropologia, ALA- Associação Latino-americana de Antropologia, APA- Associação Portuguesa de Antropologia, REA/Abanee- Reunião Equatorial de Antropologia e Reunião de Antropólogos do Norte e Nordeste, RAM- Reunião de Antropologia do Mercosul, AIBR- Antropólogos Latinoamericanos em Rede, Anped- Associação dos Programas de Pós- graduação em Educação, dentre outros. E de políticas de afirmação e afirmativas, Educação intercultural e multicultural, Direito ao nome social, Pedagogias diferenciadas como a educação do campo, educação quilombola etc.

Objetivos da Rede Argonautas

Primeiramente destacamos que a “educação” vem sendo pensada de forma ampliada. Para além da educação formal, aprendizagem e formação ocorrem em diferentes universos sociais, em contextos étnicos, raciais, religiosos, de classe, de geração, de gênero etc. Com isto, reiteramos nossa compreensão dos processos educativos, das aprendizagens nas culturas em tempos e espaços externos à escola, tais como as redes sociais, as sociabilidades familiares e em espaços como os rituais afro-brasileiros, indígenas, quilombolas, ribeirinhos, dos povos das florestas em geral, etc. Desde estas perspectivas, nossos objetivos são, portanto:

  • Propiciar o debate ampliado e permanente das possibilidades, dilemas e desafios de uma Antropologia e Educação contemporânea, moderna, crítica e compreensiva; as relações entre Antropologia e Educação/Antropologia da Educação e o campo das políticas públicas; os usos de categorias antropológicas em uma rede de interdependência de sentidos, conforme os atores e os interesses colocados pelo mundo acadêmico ao mundo político; mapear e refletir sobre transições de categorias constituídas no campo da Antropologia e pensá-las em seu alcance explicativo quando a temática é a educação, formação, aprendizagem em sociabilidades diversas. 
  • Fazer da Rede Argonautas um espaço de construção permanente e dialético que coloca em contato virtual e físico pesquisadores de diferentes áreas e diferentes países latino-americanos e de outras regiões do mundo interessados na Antropologia da Educação e na Etnografia como campo epistemológico; possibilitar o diálogo e intercâmbio de projetos, de pesquisas e produtos diversos, tais como livros, artigos, grupos e núcleos de pesquisa através de links disponibilizados a partir do site da Rede.

Sobre o logotipo da Rede Argonautas

O nome da Rede Argonautas tem inspiração no clássico da antropologia, livro fundador da etnografia, Argonautas do Pacífico Ocidental, escrito por Bronislaw Malinowski no ano de 1922. Acreditamos que a origem do termo escolhido por Malinowski para caracterizar os trobriandeses venha da mitologia grega. Argonautas eram os heróis que se aventuraram pelos mares numa grande expedição em busca do Velocino de Ouro (a lã de ouro de um carneiro alado). Receberam esse nome porque compuseram a tripulação do barco Argo, construído por Argos, filho de Frixo, com a ajuda da Deusa Atena. Cada argonauta ofereceu suas habilidades específicas ao grupo para compor a tripulação. A mitologia dos navegadores gregos se aventurando pelos mares guarda aproximações com a representação de Malinowski (1986, p. 106) sobre a cultura dos trobriandeses, em especial, sobre a forma como se realizava o sistema de troca de riquezas e de objetos de utilidade, quando diz que “As grandes expedições marítimas constituem, de longe, a parte mais espetacular do Kula”.

A partir de um trabalho de pesquisa documental e bibliográfica em meio digital, migramos da mitologia para a biologia marinha e descobrimos outro significado para argonauta. Trata-se de uma espécie de polvo que habita as águas profundas dos mares e de todos os oceanos. A fêmea argonauta cria uma concha fina como papel que enrola ao redor do corpo, funcionando como uma ooteca, uma proteção para seus ovos e embriões. Refinando nossas buscas, chegamos ao Dicionário dos Símbolos, onde “O polvo representa a inteligência. Além dessa característica inerente a essa classe de animal marinho, flexibilidade e criatividade também o representam, o que resulta do fato de ele não ter esqueleto e ser ágil e flexível”.

Pelos aspectos descritos, tomamos a concha como símbolo da identidade visual da Rede Argonautas por reunir a referência aos mares, sua função de proteção (como as embarcações dos gregos e dos trobriandeses) e pelo fato de ser construída pela fêmea para proteger seus ovos e embriões (como o fez Atena ao ajudar a construir a embarcação para os heróis da mitologia). Uma das primeiras ilustrações da concha de um argonauta existente no index Testarum Conchyliorum (1742), por Niccolò Gualtieri (fig. 1), foi a referência para o logotipo de linhas modernas criado pela professora e designer, doutora em Comunicação e Semiótica, Cândida Almeida (fig. 2).

Uma das primeiras ilustrações do
A. argo, existente no Index Testarum Conchyliorum (1742) por
Niccolò Gualtieri
Logotipo da Rede Argonautas - Rede de Pesquisadores em Antropologia e Educação
Logotipo da Rede Argonautas
Rede de Pesquisadores
em Antropologia e Educação

Referências:

MALINOWSKI, Bronislaw. Aspectos essenciais da instituição Kula; In: DURHAN, Eunice Ribeiro. (org.) Malinowski – Antropologia. Coleção Grandes Cientistas Sociais. Editora Ática: São Paulo, 1986.

https://www.dicionariodesimbolos.com.br/busca/?q=polvo, acesso em 07 de junho de 2021, às 11:20.

https://lamitologiagriega-fandom-com.translate.goog/es/wiki/Argonautas?_x_tr_sl=es&_x_tr_tl=pt&_x_tr_hl=pt-BR&_x_tr_pto=sc, acesso em 07 de junho de 2021, às 10:30.

https://stringfixer.com/pt/Argonauta_argo, acesso em 07 de junho de 2021, às 13:00.